Ep. 007 - Joana Alegre

O ponto de partida para esta conversa com a Joana Alegre, cantora e letrista, foi “Um só dia”, uma homenagem à poesia cantada de Manuel Alegre, seu pai. Mas afinal, o que isso de musicar um poema?

Falámos também de alguns pontos em comum entre a música e a leitura, como a voragem das novidades ou a desmaterialização não só dos objetos livro ou CD / álbum, mas da própria experiência de acesso à leitura e à música.

E, sendo este um podcast sobre livros, falámos de livros, pois claro, e trocámos umas sugestões.

Eu sugeri:

Artistas, Artesãs, Pioneiras - cem entrevistas de Maria Antónia Fiadeiro a mulheres que marcaram os seus tempos. Uma edição da Caixa Alta

Dois volumes do Volta para a tua terra: poesia e ensaios escrito por autores estrangeiros que vivem em Portugal e que falam a discriminação sentida por cá. Edição da Urutau

A poesia de José Carlos Barros: Penélope escreve a Ulisses (edição da Caixa Alta) e uma antologia acabada de sair, pela D. Quixote

Poemas Envelope da Emily Dickinson, que reúne um conjunto de poemas escritos em envelopes previamente usados para correspondência, e é publicado em edição bilingue (trad. Mariana Pinto dos Santos e Rui Pires Cabral) pelas Edições do Saguão.

Oiça o episódio na íntegra:

Encomendas através do email zola.livros@gmail.com

23€

576 págs.

Este é um livro singular e irrepetível, fruto do olhar sensível e atento, quase íntimo, de Maria Antónia Fiadeiro — jornalista de prestígio, pioneira da imprensa escrita portuguesa do pós-25 de Abril e dos estudos femininos em Portugal — sobre o trabalho e a vida de pioneiras, artistas e artesãs portuguesas cujo percurso é fundamental para compreender o espaço e o papel da mulher na história recente do país.

Artistas, Artesãs, Pioneiras é composto por quase cem entrevistas a personalidades como Ana Salazar, Lourdes Castro, Maria Mendes, Teté (Teresa Ricou), Hélia Correia, Luísa Dacosta, Graça Morais, Maria Antónia Palla, Paula Rego, Maria Gabriela Llansol, Maria Velho da Costa, Lídia Jorge, entre muitas outras. Inclui também conversas com pioneiras anónimas em áreas recentemente abertas à participação feminina, como Cândida Pala Alves, a primeira carteira portuguesa, ou Ilda Moura, a primeira meteorologista em Portugal.

As entrevistas foram realizadas entre 1982 e 2008, e publicadas originalmente em meios como o Jornal de Letras, Artes e Ideias, o Diário de Notícias, o Diário de Lisboa ou as revistas Máxima e Casa & Decoração.

A obra inclui, como abertura, uma entrevista inédita à autora, realizada por Francisca Gorjão Henriques em Janeiro de 2020, e encerra com um texto autobiográfico, publicado em 1987 no Sábado Popular (futuro Diário Popular), sobre a experiência de Maria Antónia Fiadeiro durante o seu exílio no Brasil.

12€

A poesia de Penélope Escreve a Ulisses diz-nos do amor e do desejo, do vagar e do sobressalto, das ilusões, das memórias de infância. É o livro inaugural da colecção LetradeMáquina, cujos livros são integralmente batidos à máquina de escrever.

17,91€

Uma seleção do melhor da poesia de um dos grandes poetas da atualidade.

14,40€

Poemas Envelope reúne um conjunto de poemas escritos por Emily Dickinson em envelopes previamente usados para correspondência, e é publicado em edição bilingue nas Edições do Saguão. Esta edição segue integralmente a da New Directions de 2016, feita de uma selecção de reproduções fac-símile (em tamanho ligeiramente menor do que os originais) dos poemas envelope de Emily Dickinson, retirados da edição completa The Gorgeous Nothings (2013). Estes poemas não são apenas escritos nos envelopes escrupulosamente guardados pela autora para reutilizar, mas têm características que resultam do suporte precário em que foram escritos e que torna a sua leitura instável, tanto quanto a sua escrita.  Assim, os poemas são, com toda a propriedade, poemas envelope, e a palavra “envelope” torna-se um qualificativo, uma vez que a direcção, o corte do verso, a separação entre palavras, a contenção, as variantes, são guiados pela forma do papel.

14€

VOLTA PARA TUA TERRA
uma antologia antirracista/antifascista  de escritoras estrangeiras  em Portugal
Volume II - prosa

Ana Luiza Tinoco | Anderson Antonangelo | Bruna Castro | Bruna Cataldi | Carla Mühlhaus | Carol Braga | Carolina Gazal | Elisa Andrade Buzzo | Ellen Lima | Flávia Six | Freda Paranhos | Gabriela Abreu | Gabriela Carvalho | Hannah Bastos | Helena Barbagelata | Hilda de Paulo | Izabelle Louise | Jamila Pereira | Jorgette Dumby | Julia Peccini | Juliana Theodoro | Larissa Cintra | Leidy Rocio Anzola Chaparro | Lia Carvalho | Lucas Augusto da Silva | Mariana Varela | Mariano Alejandro Ribeiro | Monise Martinez | Murilo B. Lense | Nina Grillo | Noemi Alfieri | Samara Azevedo | Surina Mariana

Org.: Manuella Bezerra de Melo & Wladimir Vaz

14€

Volta para tua terra: uma antologia antirracista/antifascista de poetas estrangeiros em Portugal

Organização de Manuella Bezerra de Melo e Wladimir Vaz

213 páginas

A imigração é um labirinto. Um labirinto de concreto cujo céu não se vê. Seguir em frente é o único sentido e até mesmo voltar para trás significa seguir em frente. Decidir tirar os pés do próprio chão, cujo solo é conhecido, cujo terreno está medido, onde se planta, onde não se planta, onde é possível colher ou não, é um ato de coragem. Perguntam então porque faz-se isto se é um ato tão duro consigo mesmo? As vezes a gente conhece o próprio solo, mas está exausto da espera pela colheita. As vezes, ainda que se saiba sobre o teor do solo, da terra abaixo do seu corpo, é preciso que o grão brote, e se não brota, a sobrevivência leva os humanos, que tem pernas, a se movimentarem. Assim constituiu-se o mundo, a sociedade, as civilizações. Homens e mulheres com pernas caminharam, deslocaram-se para onde já estavam deslocados os seus sonhos. Uma vez dentro do labirinto, uma vez que é feita esta escolha, não há mais volta a dar. Algumas pessoas passam uma vida inteira no mesmo lugar, no mesmo sítio, na mesma aldeia. É respeitável, é uma escolha. Mas são as que se movimentam aquelas que transformaram a humanidade, as pessoas cujo deslocamento de si mesmo promoveu o deslocamento do eixo da terra. Quando alguém se desloca ela transforma tudo dentro e também à sua volta. O movimento, a deslocação em si não é danoso, pelo contrário, é importante e produtivo, desde que isto não leve a um encontro danoso com a alteridade. E é sobre alteridade que também queremos falar. Nós, estes poetas estrangeiros que vos falam, viemos dos mais variados países, nós estamos em Portugal, somos aqui residentes por uma série de motivações conhecidas apenas por cada um de nós. Portugal, este país de território pequenino na ponta da Península Ibérica, é pela história conhecido por sua essência exploratória, curiosa e desbravadora. As míticas personalidades históricas portuguesas conquistaram o mundo para a sua coroa, sua monarquia na altura poderosa, vigorosa, que construíram uma imaginária nação gigantesca. Imaginária porque falamos aqui sobre imaginário mesmo, sobre como as narrativas são capazes de produzir verdades que talvez não sejam assim tão verdadeiras como esperávamos que fossem. Estamos falando de algo que inicia em um tempo remoto, que parece que não se vê neste agora.

Manuella Bezerra de Melo

 
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Ep. 006 - Guilherme Pires e o mundo da tradução, da edição... enfim, do livro